Quem afirma é o presidente da Proifes, entidade de professores federais que vai se reunir com a UNE dias 15 e 16; ideia é articular caravana ao Senado na votação da PEC 55
Desde o dia 1° de novembro, quando entidades ligadas à educação se reuniram para planejar os próximos passos contra a PEC 55, foi dada a largada de uma luta intensa para sensibilizar a sociedade sobre os malefícios da emenda constitucional que congela gastos básicos, como o da saúde e educação, por 20 anos. Para Eduardo Rolim de Oliveira, presidente da federação que reúne sindicatos de professores federais de todo o País, a união é essencial para “vencer a batalha na opinião pública”.
A Proifes (Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituição Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico) estará presente em reunião com todos os diretores da UNE e várias entidades da educação nos dias 15 e 16 de novembro, na UnB. A ideia do encontro é articular uma caravana que irá acompanhar o primeiro turno da votação da PEC do congelamento no Senado, dia 29 de novembro. Segundo Eduardo, será a “coroação” do movimento de resistência.
Para o professor gaúcho, não há dúvidas de que o congelamento dos gastos traz a ideia de diminuir a educação pública e abrir espaço para privatização do ensino. Ainda assim, acredita que este perigo não seja de conhecimento de toda a sociedade: “Com a cobertura da mídia atual, vende-se a ideia de que é preciso mesmo economizar e tudo bem. Mas e se o PIB cresce nos próximos anos? Os investimentos em educação não poderão crescer”.
“Com a cobertura da mídia atual, vende-se a ideia de que é preciso mesmo economizar e tudo bem. Mas e se o PIB cresce nos próximos anos? Os investimentos em educação não poderão crescer”.
Confira a entrevista:
Qual é a importância, para o Proifes, de fazer parte desta articulação ampla junto com estudantes e outras entidades na UnB, nos dias 15 e 16/11?
A principal questão em discussão é sensibilizar a sociedade a respeito dos malefícios da emenda. Se náo fizermos isso, vamos perder o debate no Senado. Pois a opinião pública acaba convencida de que é isso mesmo, é preciso cortar estes gastos para melhorar a gestão do País. Com a cobertura da mídia atual, vende-se esta ideia e que está tudo bem. Precismos convencer as pessoas de que é o contrário. Por isso é importante a união dos servidores, professores e estudantes, para ter um discurso afinado e vencer a batalha na opinião pública.
Desde encontro no dia 1°/11, em que decidimos pelas paralisações dos dias 11 e 25, e pela caravana para o Senado no dia da votação da PEC 55, estamos concentrados na continuidade das ações contra a PEC.
Ter uma caravana de professores e estudantes no Senado, no dia da votação da PEC, pode fazer diferença? Qual a importância dessa pressão?
É nossa única alternativa. Temos que convencer os senadores de que a medida é ruim. Antes da caravana ainda temos dois dias de paralisação, 11 e 25 de novembro. Lá vai ser a continuidade do discurso, o coroamento do processo. Precisamos fazer uma paralisação forte na sexta-feira, 11/11, e pode estar certa que todos os sindicatos brasileiros estão empenhados nisso.
Qual a importância de uma unidade e união entre entidades de professores e de estudantes e outros movimentos sociais? O atual momento é oportunidade de união?
Nós, entidades que participamos do Fórum de Educação, temos o discurso afinado faz tempo, o que facilita muito neste momento de dificuldade. É preciso que a esquerda abra mão de divergências técnicas e faça um esforço de união.
No seu ponto de vista, qual o principal argumento prático contra a PEC 55?
Primeiro que, quando se trabalha a lógica de congelamento real de gastos, não se leva em conta a dinâmica da economia do País. Se o PIB diminui, tudo bem, os gastos poderiam diminuir. Mas e se o PIB crescer nos próximos anos? A medida vai obrigar o congelamento, ainda assim. Portanto, a PEC traz um pensamento político de abrir mão da educação pública e abrir espaço para privatizações. A PEC é claramente a abertura de espaço para privatizações. Esse é o principal motivo para se posicionar contra ela.
Publicado: 08/11/2016 às 18:59, por Renata Bars, no portal da UNE.
Link para a entrevista original: